Com o crescimento do advento da Indústria 4.0, surgiu a necessidade natural de se criar normas e padrões para orientar desde as etapas de projetos e protótipos até a finalização de produtos.
Afinal, o uso de tecnologias que estão em constante evolução aliado a automatização de sistemas exige um direcionamento para que as empresas alcancem o tão desejado aumento de produtividade.
A arquitetura RAMI 4.0 vem de encontro a essa necessidade do mundo corporativo, ajudando a harmonizar toda a cadeia produtiva, formando um ecossistema digital. Com as suas soluções de conectividade, ela insere as indústrias em um ambiente cibernético, de forma estruturada.
Descubra neste artigo do que se trata o RAMI 4.0, quais seus benefícios, como aplicá-lo e muito mais!
O que é RAMI 4.0?
RAMI 4.0 é um modelo de referência que busca padronizar aplicações da Indústria 4.0, tendo como principal diretriz a conectividade dos sistemas. Sua proposta é direcionar projetos e implantações da manufatura avançada.
A sigla significa Reference Architectural Model for Industrie 4.0, que pode ser traduzido como Modelo de Referência para Arquitetura da Indústria 4.0.
A aplicação desse conceito é fundamental para que as empresas desenvolvam e implementem novos projetos adequadamente e padronizem a sua comunicação.
Em outras palavras, o RAMI 4.0 é um mapa que mostra como abordar a questão da Indústria 4.0 de forma estruturada, garantindo que todos os participantes envolvidos nas discussões se entendam.
Os três eixos de aplicação do RAMI 4.0
O RAMI 4.0 define todos os aspectos cruciais da indústria moderna. Com a complexidade das inter-relações, tornou-se necessária uma divisão em três grupos mais simples, também chamados de eixos ou níveis:
Hierarquia
Os níveis de hierarquia do IEC 62264 formam um eixo horizontal, que também é composto por TI corporativo e padrões internacionais para sistemas de controle.
Esses níveis de hierarquia representam as diversas funcionalidades dentro das fábricas 4.0, incluindo os produtos finais e a conexão com a Internet das Coisas (IoT).
A estrutura da Indústria 3.0 era baseada em hardware, com funções vinculadas a ele, comunicação fundamentada em hierarquia e com o produto isolado.
Agora, na realidade 4.0, os sistemas e máquinas são flexíveis, com funções distribuídas em toda a rede, com os participantes interagindo e se comunicando nos níveis de hierarquia, e com o produto integrado à essa mesma rede.
Arquitetura
Esse eixo descreve seis camadas verticais que se referem ao fluxo de dados do processo produtivo industrial, suas interfaces e formas de uso.
A arquitetura tem o papel de transcrever dados físicos para informações inteligíveis que serão usadas para elevar a eficiência das operações. Assim, é feito um mapeamento virtual das máquinas, com auxílio da TI, baseado nessas camadas:
- Negócios (Organização e Processos);
- Funcional (Funções dos Ativos);
- Informação (Dados Necessários);
- Comunicação (Acesso à Informação);
- Integração (Transição dos dados físicos para o digital ou lógico); e
- Ativos (objetos físicos no mundo real).
Ciclo de Vida
Esse é o eixo horizontal do RAMI 4.0, que gerencia o ciclo de vida de um produto, desde a sua idealização até o seu desenvolvimento, passando pelos testes, fabricação, acabamento e assistência técnica.
Engloba projetos, simulações, uso de tecnologias, elaboração de manuais, definição de lote e tempo de garantia, entre outros fatores determinantes para o sucesso do negócio.
Esse nível também é conhecido como “fluxo de valor”, se baseia na IEC 62890 e sempre leva em consideração a segurança em todo o ciclo de vida dos produtos.
Principais vantagens do RAMI para indústrias
- O principal benefício do RAMI 4.0 é que ele ajuda a padronizar o trabalho da indústria, integrando diferentes áreas para que visualizem e tirem proveito das tecnologias da Indústria 4.0;
- O modelo de referência é importante para o cumprimento e a criação de normas que direcionam e regulam os processos de produção;
- Ajuda a desenvolver novos modelos de negócios, compatíveis com a modernização global e essenciais para o desenvolvimento de todos os setores;
- Combina elementos e componentes de TI para proteger o grande volume de dados das redes industriais;
- Esta arquitetura orientada ao serviço divide sistemas complexos em conjuntos de processos mais compreensíveis.
Como aplicá-lo em projetos de sistemas industriais?
Na prática, você pode desenhar a automação de sua fábrica de forma descentralizada, interconectando todos os dispositivos e equipamentos da sua linha de produção.
Depois é preciso criar os componentes de I4.0, que são conjuntos de objetos situados nos três grupos do RAMI, que formam uma semântica de dados e controle. Após isso, deve ser indicado como será realizada a intercomunicação de cada conjunto, como serão obtidas as informações e como serão controlados.
Depois é preciso configurar o sistema para que ele seja flexível, ou seja, passível de personalização, e interoperável dentro dos três eixos do RAMI. Assim a produção pode ser customizada da forma que for mais conveniente.
Modelos alternativos ao RAMI 4.0
Vimos que o RAMI usa uma arquitetura para organizar as informações da indústria. Mas existem ainda outros modelos de referência, que podem se complementar, como:
- SGAM Layer-Model (Smart Grid Architecture Model);
- IoT-SRA (Internet of Things Strategic Research Agenda);
- I40 Business Model Architectural Model;
- I40 Platform Architectural Model;
- I40-Integration-Topology Model; etc.