Resíduos industriais: classificações, gestão, destinação e mais
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Resíduos industriais: classificações, gestão, destinação e mais

Faz parte das atividades produtivas a geração de resíduos industriais. Eles resultam de todas as etapas e processos realizados, e podem se apresentar de diversas formas, de acordo com o ramo empresarial. 

Alguns exemplos são: produtos químicos, metais, borracha, tecidos, gases, vidros, serragem, papéis, plásticos, fibras, cerâmicas, etc. Eles devem ter descarte adequado e, quando possível, reaproveitados e/ou reciclados.

Você sabe para onde vai essa sobra das fábricas e quais cuidados devem ser tomados? Confira neste artigo as principais informações sobre o assunto e saiba a importância do seu correto gerenciamento.

O que são resíduos industriais?

Os resíduos industriais, também chamados lixo industrial, são uma grande variedade de sobras, dejetos ou restos originados das atividades fabris. Podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, e alguns podem ser reciclados ou reaproveitados

Sua composição depende dos tipos de processos industriais pelos quais passou.

Resíduos industriais: o que diz a norma NR 25?

A norma regulamentadora NR 25, criada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, define o que são os resíduos e como a indústria deve lidar com eles.

Ela aponta que o lixo industrial deve ter manuseio e destinação adequados, prevenindo acidentes, contaminação do meio ambiente e possíveis doenças causadas por ele.

Além disso, prevê a redução da geração de resíduos e determina que as indústrias adotem as práticas tecnológicas disponíveis para controlá-los, sob risco de sofrerem penalidades, como o pagamento de multas, caso não cumpram as diretrizes.

Qual a importância para as indústrias saber classificar seus resíduos?

Ao conhecer seus resíduos e classificá-los, as empresas encontrarão a melhor maneira de fazer o descarte, de forma a evitar agressões ao meio ambiente e aos seres humanos. Para isso, é preciso considerar as particularidades de cada componente.

Descarte mais adequado

O material deve ser direcionado a lugares apropriados, como os aterros sanitários, que garantam o correto destino e tratamento dos dejetos.

O ideal é que os procedimentos (coleta, armazenamento temporário, transporte, etc.) ocorram de forma sistemática e documentada, sempre considerando as possibilidades de tratamento existentes e seguindo  normas de segurança e a legislação sanitária e ambiental local.

Conformidade com a NR 25

A NR 25, assim como as leis locais e nacionais, deve direcionar as ações que envolvam os resíduos industriais – devido ao seu potencial de causar impactos.

Entre as determinações da norma, está o uso de equipamentos obrigatórios de segurança, para evitar acidentes com componentes perigosos, como os químicos, inflamáveis ou corrosivos.

Esse material necessita de atenção especial, já que, além de apresentar risco aos trabalhadores que têm contato com eles, podem poluir o solo, a água e outros recursos naturais.

Obtenção das ferramentas necessárias

Sabendo a classificação dos dejetos, a empresa pode adequar as suas instalações e adquirir ferramentas, materiais e até transportes necessários para acondicionar e armazenar cada um deles.

Vale ressaltar que os equipamentos ou dispositivos utilizados no controle de contaminantes precisam de calibração junto aos órgãos competentes e licenciamento do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia).

Realização de treinamentos internos

É essencial que os trabalhadores que irão manusear os resíduos recebam treinamento específico periódico, para se capacitarem a respeito dos procedimentos a serem realizados e estarem cientes dos riscos a que estão expostos.

Essa transferência de conhecimento também serve para apresentar e explicar as diretrizes da NR 25, e para que os funcionários saibam identificar os tipos de resíduos, adotar medidas preventivas, etc.

Resíduos industriais: impactos ambientais

Grande parte dos dejetos industriais é composta por componentes tóxicos. Um levantamento da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), citado pela Folha de S. Paulo, aponta que 47% do lixo industrial paulista não é tratado.

Sem tratamento e destino adequados, eles poluem o ar, a água e o solo. Também podem conter substâncias cancerígenas e patogênicas, como os metais pesados. Se misturados, um contamina o outro, potencializando o perigo.

Os retalhos descartados pelas fábricas têxteis são outro exemplo de contaminantes do meio ambiente, devido aos seus componentes químicos e tinturas. No Brasil, são descartados mais de 4 milhões de toneladas desse tipo de resíduo.

Tratamento de resíduos industriais

Apesar do elevado número de lixo produzido, nove em cada dez empresas industriais (89%) já adotam medidas para diminuir a geração de resíduos sólidos. É o que diz um levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que ouviu mais de mil empresários brasileiros.

E o descarte adequado é tão importante quanto o tratamento das sobras de produção, que devem ser armazenadas separadamente e transportadas em veículos apropriados, com placa de identificação, sob atencioso monitoramento.

Quais são os tipos de resíduos industriais?

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) elaborou uma classificação dos resíduos, em sua norma NBR 10.004/04. Para isso, levou em consideração aspectos como: cor, grau de heterogeneidade, estado físico, processo industrial, processo de origem e principal constituinte.

Classe I – Perigosos

Materiais contaminantes, que podem ter características reativas, patogênicas, inflamáveis, corrosivas e tóxicas, apresentando algum tipo de periculosidade e/ou  risco ao meio ambiente e à saúde pública.

Exemplos de resíduos industriais perigosos:

  • produtos fora de especificação;
  • pilhas;
  • eletrodos;
  • EPIs contaminados;
  • baterias;
  • tintas;
  • produtos químicos ou radioativos;
  • borras oleosas de processos de refino;
  • solventes; etc.
resíduos industriais de equipamentos

Classe II A – Não-inertes

Resíduos possivelmente contaminantes, que não contêm ou podem conter baixa periculosidade, e não possuem tendência a sofrerem reações químicas. Apresentam características como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

Exemplos de resíduos industriais não-inertes: 

  • EPIs não contaminados;
  • tecidos;
  • gessos;
  • poliuretano;
  • fibras de vidro; etc.

Classe II B – Inertes

Dejetos não contaminantes, com baixa capacidade de reação, que não conseguem alterar a potabilidade da água e podem ter grande potencial de reciclagem. 

Exemplos de resíduos industriais inertes:

  • pedras;
  • tijolos;
  • areia;
  • isopor;
  • sucata de ferro e aço;
  • entulhos;
  • alguns tipos de plástico; etc.

Como é feito o descarte de resíduos industriais?

As empresas são responsáveis por tratar e dar o correto destino a todos os resíduos produzidos. Esse material não deve receber o mesmo tratamento que o lixo comum das cidades. 

É necessário aplicar soluções adequadas para cada caso, com a ajuda de especialistas químicos, ambientais e sanitários. As leis vigentes no país devem ser observadas e seguidas.

O tratamento do lixo nem sempre é barato: há formas econômicas e outras dispendiosas. As técnicas utilizadas servem para diminuir o seu impacto ambiental, reduzindo a sua periculosidade, odor e volume.

Estes são alguns exemplos do que pode ser feito com os resíduos:

  • secagem ou desidratação – processo que tem o objetivo de eliminar líquidos leves, reduzir volumes, minimizar gastos com transporte e com a destinação final. Utiliza centrífugas, filtros de prensa, filtros a vácuo e outros equipamentos;
  • compostagem para transformação em adubo ou fertilizante orgânico – processo biológico que decompõe os materiais orgânicos, resultando em um produto estável e benéfico para o solo;
  • pirólise – decomposição ou degradação térmica de um resíduo, em um ambiente com baixo ou nenhum oxigênio e temperaturas altíssimas, que dá origem a combustíveis renováveis;
  • solidificação – incorporação de resíduos em matéria sólida, para torná-los estáveis e com menor solubilidade, mobilidade e toxicidade, resultando em componente base para a fabricação de materiais aplicáveis na construção civil, como tijolos;
  • trituração – para homogeneizar e reduzir o volume do lixo, facilitando o seu transporte e reciclagem;
  • compactação – redução do volume dos resíduos por meio da aplicação de pressão, para otimizar espaço e facilitar a eliminação adequada dos mesmos; etc.

Os resíduos sólidos costumam ser descartados em aterros sanitários industriais, também chamados de “lixões”, e muitos deles são incinerados. 

Os líquidos são lançados em corpos d’água superficiais como rios, lagos e oceano; e também no subterrâneo – em lençois freáticos e aquíferos.

Os resíduos gasosos são liberados pelas chaminés e lançados na atmosfera, geralmente sem receber tratamento. 

Destinação de resíduos industriais

O tratamento adequado e o reaproveitamento máximo dos resíduos ainda é um desafio no Brasil, mas são ações que devem ser sempre perseguidas pelas empresas, como prevê a lei.

A ideia é que a indústria gere a menor quantidade possível de sobras, que espera-se que sejam separadas, reutilizadas, reaproveitadas e recicladas.

A seguir, algumas técnicas realizadas na etapa de destinação de resíduos industriais.

Coprocessamento

Esse processo é baseado na destruição térmica de resíduos tóxicos e perigosos, em grandes fornos. Os rejeitos são misturados a uma espécie de farinha de cimento, usados como combustível para alimentar os fornos (desde que não gerem gases poluentes) e destruídos sob altíssimas temperaturas.

Incineração

Técnica que consiste na transformação do resíduo em cinzas inertizadas, feita em câmaras de combustão, para posterior descarte em aterros sanitários.

Para não causar impactos negativos ao meio ambiente, os gases gerados pela queima (e emitidos por chaminés) devem ser tratados por meio de técnicas especiais de lavagem e filtros com carvão ativado.

Aterramento

Nesse tipo de destinação de resíduos sólidos industriais, o lixo é enterrado em solo preparado com mantas contra vazamentos, procurando evitar a contaminação dos lençois freáticos e aquíferos subterrâneos.

Beneficiamento de resíduos

É considerado o tratamento mais adequado para os materiais descartados, pois descontamina e processa os resíduos, dando um novo uso para os mesmos, reduzindo os impactos ambientais. Alguns exemplos de processos de beneficiamento de materiais:

  • reciclagem;
  • compostagem industrial;
  • compostagem anaeróbica;
  • geração de energia via coprocessamento;
  • tratamento de efluentes; etc.

Como fazer um plano de gerenciamento de resíduos sólidos industriais?

As indústrias brasileiras devem, obrigatoriamente, fazer um plano para administrar seus resíduos, como manda a lei nº12.305/2010 – que institui a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos).

Este decreto determina que as fábricas devem realizar o seu manuseio e separação, armazenamento, transporte, tratamento, reciclagem, e dar a destinação final.

  • Primeiramente, devem ser identificados os dejetos e como eles são originados. É importante classificá-los de acordo com a norma NBR 10.004 e quantificar tudo o que é gerado na sua empresa, em cada setor dela, para traçar os melhores planos;
  • Depois disso, a empresa deve avaliar e aplicar as melhores alternativas para si, identificando o que pode ou não ser vendido; o que pode ou não ser reaproveitado;
  • É necessário encontrar locais adequados para o destino dos rejeitos. Estes fornecedores devem seguir as leis rigorosamente e prestar contas às empresas, emitindo garantias e laudos;
  • Todo o processo de gestão deve ser acompanhado, com o levantamento de dados como a quantidade de resíduos produzidos por dia. Com essas informações em mãos, devem ser feitas análises, buscando a melhoria contínua;
  • É essencial tomar medidas para diminuir a geração de resíduos. Isso contribui para reduzir o desperdício de matéria-prima e insumos, além de contribuir com a sustentabilidade.

Confira neste artigo algumas dicas para economizar energia elétrica.

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Conclusão

Com a devida gestão e atenção às normas vigentes, é possível lidar tranquilamente com a questão dos resíduos, que são praticamente inevitáveis na atividade industrial.

Muitas das sobras podem ser recicladas, por isso, é preciso estar atualizado quanto às melhores práticas tecnológicas disponíveis para o manejo de resíduos.

Desta forma, além de dar o destino adequado, a sustentabilidade é considerada, preservando também a imagem da empresa.

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Conte com os especialistas da Kalatec para te ajudar!

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Edilson Cravo

Edilson Cravo

Engenheiro de Aplicação da KALATEC, 23 anos de experiência com mais de 5000 visitas únicas em Indústrias. Especialista em Automação Industrial e apaixonado por Servos Motores, foi treinado nas fábricas EMERSON MOTION CONTROL, YASKAWA, WEG, DELTA, HNC, LEADSHINE e ESTUN. Foi consultor de projetos no Instituto Nuclear Brasileiro, Embraer, Rede Globo, USP (Projeto Inspire) entre outros.

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